Temos, na língua portuguesa, vários
casos de palavras homófonas e heterógrafas, isto é, palavras que têm a mesma
pronúncia, porém são escritas de modo diferente e o caso de que trataremos hoje
é o do verbo ‘haver’ empregado como verbo impessoal.
Comecemos pela primeira expressão
estranha: ‘verbo impessoal’! Os chamados verbos impessoais são aqueles que não
estão relacionados às pessoas do discurso (o emissor – quem fala, o receptor –
com quem se fala, e o referente – de quem se fala, que são respectivamente a
1ª, a 2ª e a 3ª pessoas), ou seja, os verbos impessoais não têm sujeito.
Veja alguns exemplos:
- O professor chegou há dez minutos.
- Havia muitos candidatos na sala.
- Deveria haver mais investimentos na saúde.
Nessa última frase, aparece uma locução
verbal formada com o haver. Nesse caso, o verbo auxiliar é que ficará na
3ª pessoa do singular.
Como eu mencionei, uma das funções do
verbo haver é indicar tempo passado, por isso devemos ficar atentos para não
construirmos frases com pleonasmo. Opa, mas o que é mesmo um pleonasmo? É a
repetição desnecessária de ideias. No caso do uso do referido verbo, é comum
encontrarmos redundâncias, como aparece na letra de Raul Seixas:
“Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”
Observe que ele coloca, no mesmo verso,
o verbo ‘há’ e o advérbio ‘atrás’. Como os dois termos remetem ao passado,
temos uma redundância ou pleonasmo. Eu suponho que tenha sido intencional, uma
licença poética, já que ele tinha uma cultura bem vasta. Se ele retirasse o
advérbio, perderia a rima com ‘demais’, que aparece no verso seguinte, e se não
empregasse o ‘há’, o verso ficaria curto demais, comprometendo a métrica.
Ainda no mesmo trecho da música, ele
emprega um coloquialismo: o verbo ‘ter’, com sentido de existir (‘’e não tem
nada nesse mundo’’). Nessa construção, a rigor, obedecendo à norma culta, ele
deveria ter usado o verbo ‘haver’ (“e não há nada nesse mundo’’).
Enfim, essas são algumas considerações
sobre o ‘há’, mas, e o ‘a’? Em contraposição ao emprego do verbo
haver indicando tempo passado, temos a preposição ‘a’ indicando tempo
futuro.
É o que se verifica em:
- Daqui a uma semana, teremos outro artigo sobre dúvidas gramaticais.
E veremos outros empregos da palavra
‘a’, não só como preposição.
Até a próxima semana!
Posted: 12 Jun 2016 01:16 PM PDT
Em: https://www.infoenem.com.br
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