Você já passou pela
seguinte situação: olhar alguém que está meio longe, achar que é uma
determinada pessoa e chegar bem daquele jeito que só se pode fazer com amigos
(dando beijo, dando tapa, cobrindo os olhos e perguntando ‘adivinha quem é?’)
e… tcharam! Não era quem você pensou que fosse? É muito chato, não é mesmo?
Pois então… entre
palavras também pode ocorrer essa situação de “parece, mas não é”. É a PARONÍMIA,
um tipo de relação entre palavras em que elas parecem iguais na grafia e na
pronúncia, mas o significado é bem diferente e causam confusões como a
descrita no início do texto. O problema é que o mal-entendido pode ser bem
grave, uma vez que vai comprometer a compreensão da mensagem por parte do
receptor, já que o emissor está certo de que transmitiu determinada ideia e o
receptor entenderá outra, ou poderá nem entender a mensagem.
Veja abaixo alguns
exemplos de palavras parônimas e observe a pequena diferença na grafia, mas
enorme no significado de cada dupla:
Absorver (sorver) – Absolver
(inocentar)
Aferir (comparar, apreciar) – Auferir (colher, ter como resultado, obter) Cumprimento (saudação) – Comprimento (tamanho, grandeza) Delatar (denunciar) – Dilatar (alargar, estender) Descrição (ato de descrever) – Discrição (característica do que é discreto) Descriminar (absolver) – Discriminar (distinguir, diferenciar) Despercebido (não notado, não observado) – Desapercebido (desprovido, desprevenido) Diferido (adiado, procrastinado) – Deferido (concedido, despachado favoravelmente) Dirigente (que dirige, gere) – Diligente (aplicado, eficiente) Fluvial (relativo a rio) – Pluvial (relativo à chuva) Imergir (mergulhar) – Emergir (vir à tona) Iminente (pendente, próximo a acontecer) – Eminente (ilustre) Infringir (transgredir, desrespeitar) – Infligir (penalizar, impor) Intimorato (destemido, intrépido) – Intemerato (puro, imaculado) Matilha (grupo de cães) – Mantilha (pequena manta) Precursor (pioneiro) – Percursor (o que percorre) Proscrever (condenar, abolir) – Prescrever (indicar, ordenar) Ratificar (confirmar, validar) – Retificar (corrigir, alinhar) Tráfego (trânsito) – Tráfico (comércio)
Nem sempre essa
semelhança causa transtornos. Há quem tire proveito, como escritores, poetas,
músicos, e brinquem com esses termos, criando uma figura de linguagem, a PARONOMÁSIA.
Nesse caso, há a aproximação de palavras como sonoridade semelhante e
sentidos diferentes com efeito estilístico.
Veja alguns
exemplos:
“Com tais premissas, ele sem
dúvida leva-nos às primícias.” (Padre Antônio Vieira)
“Exportar é o que importa.”
(Delfim Netto)
“Sagres sagrou então a Descoberta/E
partiu encoberto a descobrir.” (Miguel Torga)
“Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora”.(Manuel Bandeira)
“Berro pelo aterro pelo desterro
berro por seu berro pelo seu erro” (Caetano Veloso)
É isso: é preciso
conhecer bem o idioma para não infringir as regras, ou o corretor pode
infligir uma penalidade sobre seus textos!
Até a próxima!
Margarida Moraes é formada em
Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 20 anos de
experiência, corretora do nosso Curso de Redação Online (CLIQUE AQUI para saber mais) e responsável
pela resolução das apostilas de Linguagens e Códigos do infoEnem, a
professora é colunista de gramática do nosso portal. Seus textos são
publicados todos os domingos. Não perca!
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Posted: 05 Jun 2016 01:34 PM PDT
Em: https//www.infoenem.com.br
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