A dissertação-argumentativa
– tipo textual exigido na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) – é um texto formal e impessoal que deve ser escrito com a maior objetividade
e clareza possível. Nele, o candidato deve dissertar, ou seja, discorrer
sobre um determinado tema, de modo sistemático e profundo, e, ao mesmo tempo,
argumentar acerca deste mesmo tema a fim de, por meio de uma
dissertação-argumentativa, tentar convencer o leitor sobre suas opiniões.
Para tanto, a
argumentação deve estar embasada na dissertação e esta, por sua vez, deve
estar fundamentada em dados, citações, números, exemplos, dentre outras
estratégias argumentativas a fim de comprovar, ao leitor, a tese apresentada
acerca de determinado tema. Em textos nos quais não há tentativa de
convencimento há apenas dissertação e não argumentação. Além disso, não basta
opinar, tem de argumentar de maneira consistente senão o argumento é
derrubado por outro.
Ao argumentar, o
candidato pode e deve embasar suas opiniões ao recorrer à citação de um
estudioso/pesquisador das diversas áreas, de filósofos, sociólogos, autores da
literatura antiga ou contemporânea, economistas, políticos etc; tudo depende
do tema proposto pela prova de redação. Por vezes, a própria coletânea
textual traz em algum texto a fala ou a opinião de alguém expert no
tema abordado e o candidato pode, por meio da paráfrase, utilizar tal citação
em sua dissertação-argumentativa.
No entanto, ao fazer
isso, seja inspirado na coletânea de textos motivadores (no caso do ENEM)
seja lembrando-se de uma fala marcante, o candidato deve pensar no seu
leitor no sentido de não pressupor que ele conheça nem a coletânea de
textos nem a pessoa que está sendo citada.
Ao escrever uma
dissertação-argumentativa, como no ENEM, por exemplo, o candidato deve
imaginar um leitor universal, ou seja, um leitor que, mesmo não conhecendo a
proposta de redação e o tema seja capaz de compreender a tese, os argumentos
e a proposta de intervenção social.
Deste modo,
referir-se à coletânea de textos motivadores da seguinte maneira – “De acordo
com o texto 1 da coletânea” – é inadequado, pois o leitor não conhece a
proposta de redação. Portanto, no ENEM, ao escrever a redação, o candidato
não deve pensar no corretor e sim em um leitor universal.
Do mesmo modo e
neste mesmo sentido, ao citar um especialista ou um autor, presente na
coletânea de textos ou não, mesmo que ele seja conhecido pela maioria do
público, o candidato deve apresentá-lo, brevemente, ao seu leitor. Mesmo que
o autor de referência seja de fato uma referência para o grande público, o
candidato não pode e não deve pressupor que seu leitor o conheça, afinal, já
que trata-se de um leitor universal, ele não é obrigado a conhecer quem o
candidato está citando.
Ao citar Marx, por
exemplo, basta inserir, entre parênteses, as informações de que ele foi um
sociólogo, filósofo e jornalista socialista. Obviamente é uma descrição rasa
de quem foi Karl Marx, mas é o suficiente em uma redação do ENEM com o limite
máximo de 35 linhas a fim de apresentá-lo ao leitor. E isso vale para toda e
qualquer pessoa citada como referência em uma dissertação-argumentativa.
Até a próxima
semana!
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*CAMILA DALLA POZZA
PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo
funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação.
Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso,
também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos,
inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
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Posted: 09 Jun 2016 11:31 AM PDT
Em:
https://www.infoenem.com.br
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