Posted: 24 Jan 2016 08:26 AM PST
Olá!
Vamos discutir brevemente duas
situações envolvendo o emprego de vírgulas. Dentre os sinais de pontuação, a
vírgula é, talvez, o mais versátil, uma vez que pode aparecer com diferentes
funções dentro das frases.
Se você não quiser, ou não conseguir,
‘decorar’ todos os casos, ao menos tente lembrar-se desta dica simples:
- 1 vírgula – separa elementos;
- 2 vírgulas – isolam elementos
- Maria, José, Pedro e Antônio são irmãos. (Maria, José, Pedro e Antônio formam um sujeito composto de 4 núcleos e as vírgulas separam cada núcleo)
- No bolo eu utilizei farinha de trigo, açúcar refinado, ovos frescos e fermento em pó. (Agora temos farinha de trigo, açúcar refinado, ovos frescos e fermento em pó funcionando como objetos diretos do verbo utilizar)
- Os alunos entraram na sala, ocuparam seus lugares, abriram os livros e começaram a leitura. (Aqui os elementos são mais complexos: cada uma das orações é um item, separado do seguinte por meio da vírgula, lembrando que cada verbo com sentido próprio é o ponto central de uma oração. Assim, se há 4 verbos, consequentemente há na frase 4 orações.)
- “Meninos, eu vi!” (verso de I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias) (Meninos funciona como vocativo – não é sujeito, o sujeito é o pronome ‘eu’! – e tal termo sempre fica isolado dentro dos enunciados)
- Na semana passada, a empresa anunciou novas contratações. (Na semana passada funciona como circunstância de tempo, exercendo a função de adjunto adverbial de tempo e seu lugar, na ordem direta, é no final da frase)
- Eu gosto de Chico Buarque e meu irmão, de Caetano. (meu irmão gosta de Caetano – não precisamos repetir o verbo, mas precisamos marcar a elipse com a vírgula: ela fica no lugar do verbo)
Os elementos de uma sequência, os quais
ficarão separados por vírgulas, podem ser simples vocábulos (exemplo a),
sintagmas nominais (estruturas com mais de uma palavra, que apresentam um
significado, mas não têm verbo – o núcleo é um substantivo) (exemplo b)
ou orações (exemplo c).
Na segunda situação (um par de
vírgulas) podemos ter uma informação deslocada de seu lugar na ordem direta da
frase (exemplo 1), uma informação complementar (uma explicação ou
esclarecimento não essencial para o sentido da frase – exemplos 2 e 3)
ou ainda um termo que não faz parte da mensagem, como o vocativo (exemplo 4).
Em qualquer um desses casos, o termo que está entre as vírgulas pode ser
retirado da frase ou ser transferido para outro lugar do enunciado, sem
alteração no sentido da mensagem. Observe os exemplos:
- Posso conseguir, se eu obtiver uma boa nota no Enem, uma vaga na carreira dos meus sonhos. (oração adverbial intercalada na oração principal, fora da ordem direta portanto)
- Machado de Assis, autor de “Dom Casmurro”, foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. (A expressão autor de “Dom Casmurro” funciona como aposto, acrescentando uma informação relativa ao termo anterior, não essencial à frase – sua retirada não altera o sentido)
- Os ornitorrincos, que podem ser encontrados na Oceania, são mamíferos. (é uma oração adjetiva explicativa)
- “O Brasil, senhores, sois vós” (Rui Barbosa, em discurso aos formandos de Direito)
Nos casos 1 e 4 as
expressões em destaque podem mudar de lugar sem alteração de sentido e em todas
as frases (de 1 a 4) podemos simplesmente retirar os trechos
entre vírgulas e o significado do enunciado permanecerá inalterado.
Essas situações não dão conta de todos
os empregos da vírgula, mas já ajudam a perceber se é preciso usar o sinal de
pontuação de modo unitário ou aos pares.
Até a próxima!
Margarida Moraes é formada em Letras
pela Universidade de São Paulo (USP). Mais de 20 anos de experiência, corretora
do nosso sistema de correção de redação e responsável pela resolução das apostilas
de Linguagens e Códigos do infoEnem, a professora é colunista de gramática do
nosso portal . Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!
Postado em:
https://www.infoenem.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário