Posted: 21 Jan 2016 11:36 AM PST
No dia 11 de janeiro o ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
concedeu uma entrevista coletiva acerca dos números do ENEM 2015 e realizou,
assim, um balanço geral do Exame Nacional do Ensino Médio.
Em relação a proposta de redação, cujo tema foi “A persistência
da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, o Ministério da
Educação revelou que apenas 104 candidatos atingiram a nota máxima, ou seja,
mil pontos; no outro extremo, 53 mil pessoas obtiveram nota zero.
Um dado que chamou a atenção do Ministério da Educação e dos cidadãos
que acompanham o ENEM foi o de 55 redações que continham relatos
“contundentes”, segundo Aloizio Mercadante, de episódios de violência contra a
mulher testemunhados ou vividos pelas candidatas. Diante de tal fato, o
Ministério Público e a Secretaria de Políticas para as Mulheres foram acionados
e a decisão tomada foi a de não entrar em contato com essas mulheres e sim
fornecer orientações públicas, como incentiva as denúncias anônimas pelo
telefone 180.
Apesar de ser um fato horrível, levando em consideração a avaliação em
si, ficamos pensando se essas 55 redações eram relatos integrais ou misturados
com trechos dissertativos-argumentativos e que notas eles obtiveram, já que se
forem relatos integrais, houve fuga do tipo textual e as notas deveriam estar
na pontuação zero. Infelizmente, esse dado não foi divulgado na entrevista
coletiva.
Já a grande maioria dos candidatos, mais de 1,9 milhão de participantes,
obteve notas entre 501 e 600 pontos, ou seja, ficaram na faixa de nota
considerada razoável. Por outro lado, 38% dos candidatos atingiram, no máximo,
os 500 pontos, isto é, 2.212.460 pessoas ficaram abaixo da média. Isso
significa que, infelizmente, um número maciço de redações foram fracas e ruins
e, portanto, não conseguiram alcançar a autoria e a autonomia que um exame como
o ENEM requer de uma redação.
Extraído de http://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/1.html. |
O que nos causa certa estranheza é esta distribuição de notas entre as
faixas de pontuação, já que nos grandes vestibulares como o da FUVEST, VUNESP e
UNICAMP as notas são mais bem distribuídas entre as faixas de nota e não há
extremos tão significativos como o balanço da redação do ENEM. Talvez isso
ocorra devido à maior abrangência do Exame Nacional do Ensino Médio, mas seria
interessante se o Ministério da Educação explicasse esse fato melhor aos
professores de todo o país.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e
mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao
ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em
importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações
e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao
Ministério da Educação (MEC).
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