Posted: 14 Apr 2015 12:40 PM PDT
O ano de 2014 foi marcado por vários
episódios de justiça com as próprias mãos. Segundo o dicionário Michaelis,
uma das definições da palavra justiça é “poder de decidir sobre os direitos de
cada um, de premir e de punir”. Segundo a Constituição Brasileira, quem tem
direito de exercer justiça é o poder Judiciário. Logo, quando pessoas civis se
compartam como “justiceiras”, ocorre um ato ilegal, inconstitucional. É
fazer crime em cima de crime. É quebrar as regras de convívio da sociedade.
O filósofo Thomas Hobbes utiliza o
termo “Estado Natural” para se referir a um Estado com ausência de regras, em
que tanto a ordem como liberdade podem ser usadas de qualquer forma. A partir
dessa análise, o Estado deve ser visto como o órgão que estabelece e mantém a
ordem para a sociedade conviver de forma pacífica.
Para levantar possíveis respostas que
respondam a pergunta do tema, analise a charge abaixo.
Agora que você já refletiu sobre o
tema, vamos treinar escrevendo uma dissertativa-argumentativa de acordo com a
proposta abaixo?
Proposta de Redação
Com base na leitura dos seguintes
textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo argumentativo em norma culta escrita da língua
portuguesa sobre o tema: “Bárbarie Social: Como Combater Este Mal?“.
Apresente uma proposta de intervenção e/ou conscientização social que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defender o seu ponto de vista.
TEXTO 1
(…) “Ah, mas bandidos também fazem isso
com as pessoas.” O argumento é de uma ignorância
infantil, pois a partir do momento em que passarmos todos a agir como eles, e deixar de tentar corrigir e fortalecer as instituições, a sociedade como a conhecemos deixa de existir. Daí, é o salve-se quem puder.
infantil, pois a partir do momento em que passarmos todos a agir como eles, e deixar de tentar corrigir e fortalecer as instituições, a sociedade como a conhecemos deixa de existir. Daí, é o salve-se quem puder.
Ninguém está defendendo quem comete
crimes. O que está em jogo aqui é que tipo de Estado e de sociedade que estamos
nos tornando ao acharmos que Justiça com as próprias mãos é solução e punições
severas para crimes ridículos (mesmo reincidentes) têm função pedagógica. (…)
O problema é que, no fundo, coisas
valem mais que a vida. Do lado dos “bandidos”. Do lado dos
“mocinhos”. (…)
“mocinhos”. (…)
Um homem em situação de rua foi
espancado pelo dono de um supermercado, seus empregados e moradores, em
Sorocaba (SP), após furtar um xampu nesta quarta (26/02/2014). Ele está
internado com afundamento do crânio.
Sueli – Condenada pelo
roubo de dois pacotes de bolacha e um queijo minas em uma loja.
Ademir – Assassinado por
ter furtado coxinhas, pães de queijo e creme para cabelo de um supermercado. O
pedreiro foi levado a um banheiro, agredido com chutes, socos e um rodo e
deixado trancado, definhando. Morreu por hemorragia interna e traumatismos.
Valdete – Condenada a
dois anos de prisão em regime fechado por ter roubado caixas de chiclete. Teve
um habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal, pois o princípio da
insignificância não se aplicaria, afinal não era para saciar a fome.
Franciely – Acusada de
roubo de duas canetas mesmo após ter mostrado o comprovante de pagamento por
ambas em um hipermercado.
Januário – Espancado por
cinco seguranças, durante 20 minutos, no estacionamento de um hipermercado.
Acharam que o vigilante estava roubando o próprio automóvel.
Leonardo Sakamoto. Adaptado de
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/02/28/aqui-coisas-valem-mais-que-vidas-tanto-parabandidos-ou-mocinhos/ em
28/02/2014.
TEXTO 2
(…) Ressuscitou-se o Pelourinho 125
anos após “o fim da escravidão”, para regozijo de quem sempre está pronto para
empinar o chicote e fazer justiça com as próprias mãos. Como se essa violência
não gerasse mais violência e insegurança, em nome da segurança. Querem
substituir o Estado pela barbárie. (…)
Na Alemanha de Hitler, muito antes da
guerra, os nazistas formaram grupos paramilitares, milícias aterrorizadoras (os
Freikorps) que massacravam “inimigos” (judeus, comunistas, minorias), detonaram
o monopólio da força pelo Estado e levaram o ditador ao poder. E deu no que
deu. Aqui, o inimigo dos Freikorps do bairro do Flamengo são os jovens, negros
e pobres, infratores ou não. Negam o Estado democrático de Direito e pretendem,
com a criação de força paralela, com tortura e eliminação física, enfrentar a
delinquência esquecendo o sistema que a gera. As históricas desigualdades e
injustiças não podem ser resolvidas pela barbárie, mas pelo acolhimento do
Estado. (…)
Ivan Valente. Deputado Federal por São
Paulo. Adaptado de
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/151686-a-volta-do-pelourinho.shtml
em 28/02/2014
TEXTO 3
A ampla maioria dos cariocas reprova a
atitude de moradores de classe média do Flamengo (zona
sul) que espancaram e amarraram a um poste um jovem suspeito de praticar roubos no bairro.
sul) que espancaram e amarraram a um poste um jovem suspeito de praticar roubos no bairro.
O repúdio à ação dos chamados
“justiceiros”, que ainda deixaram o acusado nu na rua, chega a
79%, aponta pesquisa Datafolha. Outros 17% disseram aprovar a ação, e 5% não responderam.
79%, aponta pesquisa Datafolha. Outros 17% disseram aprovar a ação, e 5% não responderam.
A pesquisa mostra que o apoio à atitude
dos moradores é maior entre os mais ricos e escolarizados.
Na faixa com ensino superior, 20% dos
cariocas dizem aprovar a ação de quem espancou e amarrou o jovem suspeito.
Entre os entrevistados com renda familiar acima de dez salários mínimos (R$ 7.240,00),
o índice sobe para 24%.
BRANCOS E NEGROS
A pesquisa também revela diferença de
opinião conforme a cor da pele dos entrevistados. Entre os negros, o apoio à
ação dos moradores do Flamengo é de 12%. Entre os brancos, sobe para 21%.
O jovem espancado era negro. Os
suspeitos de agredi-lo já identificados são brancos e de classe média.
O episódio ocorreu no último dia 31. A
polícia chegou a deter 14 suspeitos de participar da agressão, mas todos foram
liberados após assinar um termo na delegacia.
Postado em:
https://www.infoenem.com.br
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