Posted: 23 Apr 2015 10:40 AM PDT
Estamos vivendo um momento político
crucial e conturbado no Brasil desde 2013, quando as manifestações populares
tomaram as ruas e as redes sociais pedindo várias melhorias e investimentos em
áreas como a saúde, a educação, transporte público, moradia e, também, no
âmbito político, requerendo a reforma política.
Infelizmente, muito se prometeu e pouco
se cumpriu e, no ano seguinte, em 2014, houve as eleições para Presidente da
República, deputados federais e estaduais, senadores e governadores estaduais e
o país dividiu-se ao meio e não estamos falando da tradicional esquerda versus
direita que, aliás, parecem não estar mais tão delineadas como eram
antigamente.
Debater os problemas sociais e
políticos do país faz parte da democracia, regime sobre o qual,
felizmente, vivemos desde o fim da ditadura militar, mas parece que ainda
vivemos sobre um estado totalitário, já que não há, entre uma parcela
significativa de pessoas, respeito à opinião alheia. A democracia prevê
liberdade de expressão e diversidade de ideias, mas parece que muitos
indivíduos não conseguem levar adiante conversas saudáveis e já partem para os
finalmentes, encerrando relações com os colegas, amigos ou familiares que
pensam diferente.
Além dessa atitude extrema, geralmente,
essas pessoas não argumentam quando entrarm em discussões como essa, apenas
opinam, algo muito raso e fácil de se fazer. Ao defendermos uma ideia, não
basta opinarmos, temos de argumentar, fundamentar e embasar as nossas
afirmações em informações, dados e exemplos e devemos fazer o mesmo ao
escrevermos gêneros e tipos textuais da ordem do argumentar, como a
dissertação-argumentativa da prova de redação do Enem.
Na publicação de duas semanas atrás,
quando abordamos na coluna semanal sobre a redação do Enem o debate em torno da
questão da redução da maioridade penal,
alguns leitores colocaram-se favoráveis e outros contrários à medida, mas
poucos argumentaram em favor de suas posições, o que é uma pena. Textos como
esse, além de servirem para atualizarem vocês, leitores, sobre temas relevantes
da atualidade e que podem, de uma maneira ou de outra, estarem presentes na
próxima edição do Enem, têm como objetivo instigar um debate saudável e
fundamentado, não apenas para a mera exposição das opiniões.
Infelizmente, temos observado isso nos
comentários de todo e qualquer texto publicado na internet, seja em blogs,
portais de notícias ou redes sociais. Porém, gostaríamos de ressaltar que o
nosso intuito é fazer com que vocês argumentem não apenas por causa da prova de
redação do Enem, mas para levarem isso para a vida toda, já que sempre estamos,
mesmo que inconscientemente, querendo convencer o outro de que estamos corretos
e não conseguimos isso sem fundamentar e embasar as nossas opiniões em
argumentos fortes.
Os motivos e as razões pelas quais
vocês pensam algo sobre alguma coisa devem estar postos para o seus leitores ou
interlocutores para que estes lhes entendam e possam contra-argumentar e,
assim, um debate saudável é estabelecido. Estabelecendo uma relação com as
propostas de redação do Enem, como candidatos, vocês devem pensar sobre os
possíveis contra-argumentos que seus leitores podem construir, mas isso deve se
feito da maneira fundamentada e não na base da pressão.
Dissertações-argumentativas preveem a
defesa de um ponto de vista e não é possível defender um ponto de vista sem
embasar afirmações e opiniões em informações, dados e exemplos concretos. Além
disso, esse tipo textual requer ponderação, equilíbrio e bom senso, já que
posições radicais e extremas normalmente ferem os direitos humanos, aspecto
fundamental nas propostas de redação do Enem.
Assim, procurem sempre argumentar e não
apenas opinar, seja em comentários para textos publicados no infoEnem ou em
qualquer site ou rede social, seja em conversas com amigos e familiares e na
redação das provas do Enem.
*CAMILA DALLA POZZA
PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo
funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi
corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso,
também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos,
inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
Postado em: https://www.infoenem.com.br
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