Esta semana recebi de um grande amigo
um “meme” parecido com este:
A frase do cãozinho
dá margem a duas interpretações: ele anda de bicicleta atrás das pessoas (o
que seria muito interessante, mas já descartado pelo animalzinho, o qual
alega nem ter bicicleta!) ou o cão persegue os ciclistas. Ao problema de
clareza na mensagem, apresentado pela frase, dá-se o nome de ambiguidade.
Esse jogo
linguístico pode ser usado na publicidade, nos textos humorísticos ou nos
textos poéticos. No caso do ‘meme’, o uso é humorístico. No sentido poético,
no plano da sonoridade, aliada à intertextualidade, Zeca Baleiro criou uma
construção bastante divertida na música “O parque da Juraci”:
Dedico esse
tecno-xaxado a Steven Spielberg e Genival Lacerda
Pau na máquina
Juraci me convidou preu ir
num parque mais ela lá em Birigui e eu vesti o meu terninho engomado alisado alinhado pra brincar com Juraci
(…)
mas lá chegando eu tive o maior susto
e tentei a todo custo então crer no que vi no lugar do parque um self-service por quilo fiquei p… com aquilo e perguntei pra Juraci
Juraci que parque Juraci que parque
Juraci que parque é esse que eu nunca vi? Juraci que parque Juraci que parque Juraci quebrei o pau com Juraci (…)
O fato de ter
mencionado o cineasta é o que nos autoriza a entender da segunda maneira,
como uma referência ao famoso filme, e, havendo dois sentidos, está presente
a ambiguidade.
Acontece, porém,
que muitos alunos, distraidamente, também criam construções ambíguas nos seus
textos e nessas situações, como o texto das redações deve ter a clareza na mensagem
como uma das características, a ambiguidade deixa de ser qualidade: vira
vício de linguagem e, como defeito, pode ser provocada pelos seguintes
fatores:
Não existe fórmula
mágica para escapar da ambiguidade, apenas atenção ao escrever, mas mesmo
autores experientes se distraem às vezes. O que vai ajudar bastante é pedir
que outra pessoa leia atentamente o texto, pois a interpretação desejada vai
‘nublar’ a vista do autor, impedindo-o de perceber a possibilidade de outra
interpretação. Ou, podemos ainda deixar o texto ‘descansar e esfriar’. Dessa
forma, nós mesmos seremos capazes de fazer a revisão. E isso vale para
qualquer texto e para a revisão de vários problemas, por isso, nunca escreva
de última hora! Dê ao seu cérebro tempo para que ele mesmo identifique seus
problemas.
Até a próxima!
Margarida Moraes é formada em
Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 20 anos de
experiência, corretora do nosso Curso de Redação Online (CLIQUE AQUI para saber mais) e responsável
pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoEnem, a professora
é colunista de gramática do nosso portal. Seus textos são publicados todos os
domingos. Não perca!
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Posted: 03 Jul 2016 04:06 PM PDT
https://www.infoenem.com.br
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