Os últimos dias do
mês de junho foram conturbados devido a dois fatos: um internacional, que
divide a sociedade mundial, e um nacional que também, de certa forma, dividiu a
população brasileira. Ambos os acontecimentos foram temas de debates acalorados
entre as pessoas, principalmente nas redes sociais da internet.
O fato internacional
foi a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados
Unidos; desde a última sexta-feira (26/06), todos os estados do país
norte-americano devem aceitar e realizar casamentos civis entre pessoas do
mesmo sexo, assim como já é realizado com casais heterossexuais. O Facebook,
apoiador da causa, lançou um aplicativo que colore as fotos dos perfis com as
cores do arco-íris e mais de 26 milhões de usuários coloriram suas fotos de
perfis.
Em contrapartida,
outros tantos usuários saíram em combate à causa do casamento homossexual,
afirmando que há outras causas mais importantes, como por exemplo, a fome e a
desigualdade social e então o circo pegou fogo, como diz a linguagem popular.
Já o acontecimento
nacional foi a trágica e prematura morte do cantor sertanejo Cristiano
Araújo e de sua namorada, Allana Moraes, em um acidente de carro em uma
estrada no estado de Goiás. A maciça cobertura da mídia foi alvo de
questionamento de pessoas que trabalham na própria mídia, como o apresentador e
jornalista Zeca Camargo, e de pessoas que argumentaram que não conheciam o
artista. Contrariamente, os fãs do Cristiano Araújo saíram em defesa do seu
ídolo, afirmando que ele era conhecido e querido por milhões de pessoas em todo
o país.
O intuito deste texto
não é entrar no mérito destas questões neste momento, mas dissertar sobre o
fato de como as pessoas, em discussões como estas nas redes sociais,
argumentam, de uma maneira ou de outra, e não o fazem ou têm uma enorme
dificuldade de fazê-lo ao escrever uma dissertação-argumentativa na prova de redação do
Enem.
Por se tratar de
temas polêmicos e que atingem, de diversas formas, a sociedade como um todo ou
uma considerável parcela da população, estes temas inflamam, digamos assim, as
colocações e as redes sociais são os espaços mais abertos e democráticos para
estes debates acontecerem e, por isso, as pessoas parecem não encontrar
obstáculos para participarem destas discussões. Porém, é adequado ressaltar que
muitos usuários não argumentam adequadamente, com afirmações embasadas, e sim
apelam para ofensas pessoais, algo raso e condenável.
Por outro lado, a
dissertação-argumentativa, como já falamos em outros textos, é uma situação de
produção textual simulada, com um número limitado de linhas que, justamente,
limita a discussão que, por vezes,é bem mais ampla e complexa do que as 35
linhas da folha de redação permitem. Além disso, há toda a pressão psicológica
e física que influenciam no desempenho do candidato, algo inexistente em um
debate dentro de uma rede social.
Portanto, é
interessante observar, ler e participar de discussões acirradas nas redes
sociais e em sites como o infoEnem a fim de desenvolver estratégias
argumentativas sobre diversos assuntos por meio da interação real com outros
leitores e usuários.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em
Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente
trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua
Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes
universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções
de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da
Educação (MEC).
Postado em: https://wwwinfoenem.com.br
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