15/04/2018
Por Margarida Moraes
Tenho refletido muito, e já há algum tempo, sobre a
relação entre os elementos do título. Vários estudos sobre psicologia da
educação se debruçaram, e ainda o fazem, sobre os processos de aprendizagem e a
memória humana.
A memória humana é fundamental na compreensão oral
e escrita, no cálculo e no raciocínio, exercendo um papel indispensável no
sistema de aprendizagem e é considerada responsável por algumas diferenças importantes
ao nível do desempenho dos indivíduos nas tarefas escolares, profissionais e do
dia a dia. A memória, porém, é algo extremamente pessoal. A atenção e a
concentração com que recebemos uma informação e a relação emocional ou
sentimental que atribuímos a ela são essenciais para determinar o que
guardaremos de modo mais “forte”.
E o que isso tem a ver com a ortografia?
Embora a ortografia seja definida por um conjunto
de regras, que aliás, sofreu algumas alterações a partir do Acordo Ortográfico
(confira o texto do acordo aqui e aqui) entre os países lusófonos, as pessoas
‘comuns (digo isso em contraponto como os professores de Gramática, que são bem
‘incomuns’ hehe) não buscam o apoio das regras para empregarem a linguagem no
seu cotidiano. Saber as regras de ortografia será útil apenas na resolução de
alguns concursos e provas.
No dia a dia, as pessoas escrevem lançando mão de
seu repertório de vocabulário, que foi sendo adquirido em seu contato com a
convivência com falantes da língua portuguesa e com a prática da leitura. Aí é
que começa o problema! Com o uso cada vez mais frequente das ferramentas da
informática, a memória vem tendo menos ‘trabalho’. Quando digitamos, os
programas de previsão de texto já dão uma série de sugestões a partir das
primeiras letras e não temos o trabalho de escrever a palavra toda. Ou então,
quando usamos um editor de texto, ele mesmo se encarrega de, automaticamente,
corrigir a palavra que porventura tenha sido digitada com uma letra trocada. E
assim, aquelas sinapses a que fiz referência no processo de prática e execução
de peças musicais (e que funcionam de modo muito parecido com a aquisição e uso
da linguagem dentro da norma culta) vão se enfraquecendo.
E desse modo, a memória vai ‘enferrujando’. O
remédio para isso é mesmo a leitura. Leia, caro aluno! Quanto mais a leitura
atenta for praticada (de bons textos, evidentemente), mais a ortografia vai
ficando registrada na memória. E estude as regras, se for fazer concursos, mas
a regra ficará mais clara, se as palavras estiverem nítidas na sua memória.
Até a próxima semana!
Margarida Moraes é formada em Letras pela
Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu seu mestrado.
Postado em:
https://www.infoenem.com.br/a-ortografia-a-memoria-humana-e-a-inteligencia-artificial/
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