Posted: 11 Oct 2015 11:36 AM PDT
Vamos hoje tentar elucidar uma das
dúvidas mais frequentes entre os alunos… “Quando devo usar ‘tinha chego’? E
‘tinha chegado’? ” “O certo é impresso ou imprimido? ”
Como nos artigos passados, vamos buscar
a raiz do problema! Existem, em Língua Portuguesa, alguns verbos classificados
como verbos abundantes. Isso quer dizer que tais verbos apresentam, em
algum ponto da conjugação, duas formas possíveis, na maioria das vezes no
particípio.
Existe, então, o particípio regular,
com desinência ‘-ado’ ou ‘-ido’, como nos verbos:
comprar / comprado
vender / vendido
partir / partido
fazer – feito
escrever – escrito
E existem verbos que apresentam os
dois! Um ‘longo’ e outro ‘curto’! Esses são os tais abundantes!
Entre os verbos que apresentam duplo
particípio, podemos citar:
- Aceitar – aceitado / aceito
- Acender – acendido / aceso
- Benzer – benzido / bento
- Eleger – elegido / eleito
- Entregar – entregado / entregue
- Expressar – expressado / expresso
- Imprimir – imprimido / impresso
- Fritar – fritado / frito
- Matar – matado / morto
- Suspender – suspendido / suspenso
Esses são apenas alguns exemplos.
Bem, já sabemos da existência desses
verbos generosos, que têm duas formas de particípio, agora vamos ao que
interessa: Como usar? Quando usar uma e quando usar a outra forma? Podemos usar
qualquer uma a qualquer momento?
O emprego não é aleatório, ou seja, não
podemos usar qualquer uma das formas. Seu uso está condicionado ao verbo
auxiliar com o qual eles formarão uma locução. Assim:
- Com TER ou HAVER – particípio regular
- Com SER OU ESTAR – particípio irregular (o ‘ mais curtinho’)
Na prática, quando a frase está na VOZ
ATIVA e o verbo, conjugado num tempo composto, empregamos o particípio regular:
O fazendeiro tinha (havia) expulsado
o lobo.
O fiel tinha (havia) acendido
uma vela.
E quando tivermos uma frase na VOZ
PASSIVA, em que se forma locução com o auxiliar ser, teremos o seguinte:
As ovelhas foram mortas pelo
lobo.
A encomenda será entregue ainda
hoje.
Use essas combinações MESMO QUE FIQUE
ESTRANHO, como nos casos dos verbos ganhar, gastar ou pagar:
Eu tinha ganhado a aposta.
Eu tenho gastado muito tempo
corrigindo provas.
A conta foi paga? Sim, o chefe
tinha pagado a conta.
(às vezes as pessoas torcem o nariz
para essa forma…)
Ah, eu ia me esquecendo… E quando
usamos o tinha chego? E o tinha trago?
A resposta é… NUNCA!!!!
O verbo chegar não tem duplo
particípio nem admite voz passiva, uma vez que é intransitivo
(lembrem-se de que só podemos passar um verbo da Voz Ativa para a Voz Passiva
se ele admitir um Objeto Direto), portanto será sempre “Eu tinha chegado
à reunião antes do chefe.”
E o trazer só tem o particípio
regular, com o ser ou com o ter:
Eu tinha trazido os livros. Os
livros serão trazidos para os alunos.
É isso!
Até a próxima semana!
Margarida Moraes é formada em Letras
pela Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu seu mestrado. Mais
de 20 anos de experiência, corretora do nosso sistema de correção de redação e
responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoenem, a
professora é colunista de gramática do nosso portal . Seus textos são
publicados todos os domingos. Não perca!
Postado em:
https://www.infoenem.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário