Posted: 09 Oct 2014
12:22 PM PDT
A
dissertação-argumentativa é um tipo textual da esfera escolar, ou seja, um tipo
de texto ensinado e escrito no ambiente escolar, e somente nele. Ao concluirmos
o Ensino Médio, partiremos para o ensino superior e/ou para o mercado de
trabalho e nunca mais escreveremos uma dissertação-argumentativa, já que
trata-se de um tipo textual escolar. Escreveremos gêneros da ordem do dissertar
e do argumentar, como por exemplo, artigos de opinião, resenhas, editoriais,
cartas do leitor, cartas denúncia, manifestos etc, mas a
dissertação-argumentativa clássica, do modo como conhecemos, não mais.
Devemos este fenômeno ao fato de a dissertação-argumentativa ser um tipo textual que necessita de uma simulação para ser escrita, já que é um tipo textual escolar. Isto quer dizer que não há uma situação de produção efetiva, próxima à realidade; não há uma motivação real. As propostas de redação produzidas pelas livros didáticos, pelas apostilas, pelos professores e pelos vestibulares são simulações, diferente de alguém que, movido por uma motivação, escreve uma carta do leitor a um jornal criticando uma reportagem, por exemplo.
Dissertações-argumentativas
não possuem um leitor alvo como um artigo de opinião em uma revista e sim têm
como leitores, somente, professores e corretores de redação dos vestibulares,
mas por ser uma simulação, devemos imaginar, ao escrevermos
dissertações-argumentativas, um leitor universal.
Esta situação
simulada deve ser imaginada pelo candidato, no momento da prova de redação do
Enem, por exemplo, pois a dissertação-argumentativa é um tipo textual por meio
do qual ele demonstra sua habilidade de analisar de modo coerente o tema
proposto, com o objetivo de defender um ponto de vista claro a respeito deste
mesmo tema. Assim, o candidato deve demonstrar sua habilidade em organizar
ideias, informações, dados, fatos – isto é, argumentos – e estabelecer relações
entre eles de modo a extrair conclusões coerentes. Portanto, deve haver a
defesa de uma tese e uma conclusão coerente com esta tese.
Um candidato ao Enem
ou a qualquer outro vestibular ou concurso deve colocar-se, como autor de uma
dissertação-argumentativa, como alguém que possui a voz da razão, a voz da
verdade e do bom senso e idealizar um leitor universal que seja dotado de razão
e, assim, construir um texto sem marcar a interlocução, ou seja, escrever de
modo impessoal.
Podemos demonstrar como
deve ser a interlocução por meio do seguinte esquema:
Como a interlocução não deve ser
marcada em uma dissertação-argumentativa, o autor deve deslocar-se da situação
de produção escrita do vestibular e, assim, evitar o uso da 1ª pessoa do
singular, evitar referir-se à coletânea de textos e à proposta de redação,
evitar marcar a interlocução com o leitor não usando o modo imperativo, por
exemplo e não pressupondo que o leitor conheça a coletânea textual e/ou a
proposta de redação.
Para saber mais sobre a
dissertação-argumentativa exigida na prova do Enem, clique aqui.
*CAMILA
DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da
Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa,
Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades
públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários
materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação
(MEC).
Fonte: InfoEnem
http://www.infoenem.com.br
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