24/12/2017
Por Margarida Moraes
Esta semana,
deparei-me com a notícia abaixo:
Nicolau foi um monge que viveu durante o século IV,
na região da Turquia. Segundo a tradição cristã, um homem, na impossibilidade
de casar as filhas por não possuir o dinheiro do dote, cogitava vender as moças
(segundo outras versões, a opção era a prostituição delas) e o religioso teria
ajudado as jovens a fugir de tal destino, jogando um saco cheio de moedas de
ouro que poderiam pagar o dote de casamento. Apesar da grandiosidade da ação e de
outras ações igualmente protetoras, São Nicolau foi reconhecido pela Igreja
como um santo somente cinco séculos mais tarde e o seu dia (6 de dezembro)
passou a ser, por muito tempo, o dia das trocas de presentes, quando as
crianças aguardavam ansiosamente pelos regalos distribuídos por um homem velho
que usava os trajes de um bispo.
São Nicolau, em holandês,
é Sinterklaas (de Sint Nikolaas), o que explica a denominação
Santa Claus popularizada nos Estados Unidos onde Nova Iorque, antes de ser Nova
Iorque, era Nova Amsterdam.
Quanto às vestimentas, muitas imagens antigas
mostram o velhinho vestido como bispo, mas não havia uma uniformidade nas cores
das roupas. Em 1931, um desenhista contratado por uma empresa de refrigerantes
criou o padrão vermelho e branco das vestimentas do bom velhinho.
Passando dos dados históricos para o lado
fantasioso e místico do Papai Noel, temos então um velhinho bonachão, de roupas
vermelhas, que, conforme a lenda, mora no Extremo Norte da Terra, numa região
de neve eterna. Na versão estadunidense, ele mora em sua casa no Polo
Norte, enquanto na versão europeia, ele reside nas montanhas de Korvatunturi
na Lapônia, Finlândia.
Papai Noel vive com sua esposa Mamãe Noel,
muitos elfos mágicos e oito ou nove renas voadoras. Ainda
segundo a tradição popular, ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo,
classificando-as de acordo com seu comportamento, e entrega presentes a todos
os garotos e garotas bem comportados no mundo e, às vezes, carvão às
crianças mal comportadas, na noite da véspera de Natal. Papai Noel dá conta
dessa tarefa anual com o auxílio de elfos, que fazem os brinquedos na oficina,
e das renas que puxam o trenó.
No Brasil, nós conhecemos a simpática figura por
Papai Noel, mas essa denominação sofre variações ao redor do mundo. Nas línguas
latinas temos as seguintes:
- Angola, Cabo Verde e Portugal: Pai Natal
- Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai , Peru e Uruguai: Papá Noel
- Venezuela: Sán Nicolás
- França: Père Noël
- Galícia: Pai Nadal, Papá Noel
- Itália: Babbo Natale
Último detalhe cultural: na Itália, quem traz os
presentes é a Fada Befana (talvez uma corruptela de Epifania), no dia 6 de
janeiro, provavelmente uma alusão aos Magos que visitaram Jesus, alguns dias
após o nascimento, ou a uma divindade sabina/romana que trazia presentes no
início do novo ano, na Roma Antiga.
E o hífen? Bem, temos aqui um caso de derivação
imprópria: o substantivo próprio Papai Noel transforma-se em substantivo comum
papai-noel (com hífen), que denomina não mais aquela figura dos contos, mas
quem se caracteriza como o bom velhinho, portanto teremos também plural do
termo: papais-noéis.
Feliz Natal a todos!
Margarida Moraes é formada em Letras pela
Universidade de São Paulo (USP).
Postado em:
https://www.infoenem.com.br/hifen-e-o-papai-noel/
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