Posted: 20 Nov 2014 07:14 AM PST
A proposta de redação do Enem 2014 – “A publicidade infantil em questão no Brasil” – foi assunto na mídia na semana passada pela suspeita do vazamento do
tema e da coletânea, no Piauí e no Ceará, horas antes da realização do exame. O
Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), responsáveis pelo Exame Nacional do Ensino Médio,
declararam apoio e auxílio às investigações da Polícia Federal (PF) e afirmaram
que o Enem 2014 não será anulado.
Diante deste cenário, continuamos o
nosso trabalho sobre a 16ª edição do Enem e sobre a proposta de redação “A
publicidade infantil em questão no Brasil”. Na publicação anterior, analisamos o tema e a
coletânea de textos motivadores da proposta e sinalizamos algumas abordagens
possíveis. No texto
de hoje, analisaremos a abordagem de uma leitora que nos
enviou uma mensagem perguntando se fugiu do tema ou não.
Antes de iniciarmos a análise,
gostaríamos de ressaltar que tudo o que afirmamos a respeito da proposta de
redação do Enem 2014 é baseado, somente, na prova de produção textual do exame,
já que não fazemos parte da banca corretora, ou seja, não conhecemos a grade de
correção que está sendo aplicada no processo de correção da redação do Enem
deste ano.
Voltando à mensagem da nossa leitora,
esta nos contou que abordou o tema “A publicidade infantil em questão no
Brasil” pelo viés do trabalho infantil na mídia como meio de vender produtos
infantis, isto é, utilizando crianças em propagandas e/ou em programas
televisivos.
Tendo em mente a coletânea, é possível
citar como exemplo de publicidade infantil propagandas de produtos (brinquedos,
roupas, pacotes turísticos, alimentos etc) que utilizam crianças para atrair
outras crianças, mas o trabalho infantil na publicidade e na mídia não era o
foco do tema da proposta de redação do Enem 2014. O tema dizia respeito à
publicidade voltada para o público infantil e não ao trabalho infantil na
publicidade e na mídia como um todo (em novelas, filmes, programas de TV em
geral, em propagandas etc).
Portanto, as crianças, na redação do
Enem 2014, eram o público alvo de um determinado tipo de publicidade e não mão
de obra de um determinado tipo de trabalho. Para tratar do trabalho infantil
nas mídias, o tema deveria conter a palavra “trabalho”, o que não é o caso.
Assim, infelizmente, no nosso entender,
os candidatos ao Enem 2014 que abordaram o trabalho infantil nas mídias não atenderam
às expectativas das bancas elaboradoras e corretora, já que colocaram as
crianças como mão de obra da mídia e não como público alvo que, por sua vez,
pode ser influenciado por propagandas.
Novamente repetimos e enfatizamos que
citar como exemplos peças publicitárias que utilizam crianças para atrair
outras crianças é válido, já que este é um recurso muito usado pelas agências
de propaganda, mas escrever uma dissertação-argumentativa sobre o trabalho
infantil nas mídias é não atender às expectativas da prova de redação do Enem
2014.
No mais, desejamos e torcemos sempre
por todos e, neste momento, também pela investigação da PF acerca do suposto vazamento da proposta de
redação do Enem 2014. Esperamos que os culpados sejam encontrados e punidos
justamente.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo
funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi
corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também
participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive
prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
Fonte: InfoEnem
http://www.infoenem.com.br
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