03/12/2017
Por Margarida Moraes
Num artigo anterior, fiz algumas reflexões a
respeito de variação linguística e, entre elas, mencionei as alterações que os
falantes vão incorporando ao idioma.
O empréstimo linguístico de elementos estrangeiros
é um dos processos bastante frequentes de enriquecimento do vocabulário
praticados por usuários do nosso idioma. Tanto é verdade, que forneceu material
para a prova da Unicamp 2018, baseada nos estudos do Prof. Sírio Possenti,
dessa mesma instituição. Vejamos a afirmação do estudioso, a qual foi inserida
na questão:
Os estrangeirismos apresentados no exemplo geram
palavras por meio de sufixação (derivação sufixal), mas esse não é o único
processo fértil. Temos também outros mecanismos bastante empregados pelos
falantes, que se baseiam no princípio da ‘economia linguística’: é a composição
por aglutinação e a abreviação (ou redução).
A composição tem como ponto de partida palavras já
existentes no idioma, que são combinadas para nomear outro ser, diferente de
cada um dos termos formantes, mas com algo em comum com eles. Por exemplo, da
altura característica das pernas de alguns pássaros criou-se o nome para
identificar genericamente todos os que se assemelham: perna + alta =
pernalta. Aglutinamos e economizamos letras.
Também verificamos isso no cotidiano, numa
aglutinação que aparece no refrão da Sinfonia Paulistana, como representação
também da ‘pressa’ dessa cidade, pressa no falar e pressa para trabalhar:
“vambora, vambora,
olha a hora,
vambora, vambora”
A mesma pressa ocasiona a contração dos dois termos
que nomeiam a cidade, gerando o termo carinhoso, Sampa, com o qual
Caetano Veloso faz sua homenagem musical. (https://www.youtube.com/watch?v=qeDqXLkXvr4
)
Vou abreviar a prosa e no artigo seguinte tratarei
do processo de abreviação.
Até a próxima semana!
Margarida Moraes é formada em Letras pela
Universidade de São Paulo (USP).
Postado em:
https://www.infoenem.com.br/sobre-economia-linguistica/
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