Posted: 05 Mar 2015 10:43 AM PST
A morte por coma alcoólico de um
estudante de Engenharia da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho
(Unesp), campus da cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo, no último
final de semana, foi um dos assuntos mais comentados e debatidos dos últimos
dias e destaca quanto Ãntima está, infelizmente, a relação dos jovens com as
bebidas alcoólicas.
O aluno era de origem mineira, tinha 23
anos e participava de uma festa promovida por outros estudantes da Unesp no
último sábado, dia 28 de fevereiro e ingeriu, de acordo com o delegado
responsável pelo caso, de 25 a 30 doses de vodca em um perÃodo de trinta
minutos por estar envolvido em uma “maratoma”, ou seja, em uma maratona de
ingestão de bebidas alcoólicas. Ao ser socorrido, Humberto Moura Fonseca foi
levado a um hospital, mas faleceu no caminho. Além dele, outras três pessoas
também passaram mal pelo mesmo motivo e ainda estão internadas.
A Unesp posicionou-se contra essas
festas e afirmou que investigará o ocorrido. Dois dos organizadores foram
presos no dia do ocorrido, mas conseguiram um alvará de soltura e responderão o
processo em liberdade.
O que este terrÃvel caso colocou em
pauta é a relação irresponsável de jovens com bebidas alcoólicas, relação esta
que começa cada vez mais cedo e dentro de casa, incentivada por pais e
familiares próximos como mostra uma pesquisa publicada pela revista Drugs
and Alcohol Dependence no ano de 2012 e divulgada aqui, no Brasil, pela
revista Veja e utilizada como texto fonte pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) no seu vestibular
2013. Vejamos o infográfico abaixo:
DisponÃvel em http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/files/2012/07/Arte-JOVENS-BEBIDA-1.jpg. ExtraÃdo em 04/03/2015. |
A pesquisa foi realizada com 15 mil
jovens de 14 a 17 anos moradores das 27 capitais brasileiras e mostra que uma
parte considerável dos entrevistados embebedou-se no último ano (2011, no caso)
e estava na própria casa ou em casa de parentes acompanhados dos pais ou
responsáveis e dos familiares.
Esses dados comprovam que os
adolescentes estão sendo incentivados pelos próprios pais e/ou familiares a
beberem quando estes deviam fazer justamente o contrário:
proteger os seus filhos e sobrinhos e
netos do álcool. Com a desculpa de que é melhor beber em casa do que na rua,
pais e parentes são lenientes ao não encarar isso como uma transgressão. Por
ser uma droga lÃcita e cultuada em propagandas machistas, inclusive, o álcool
não recebe o mesmo tratamento que outras drogas e é visto como menos pior
quando na verdade não é.
Assim, esses adolescentes crescem
Ãntimos com as bebidas alcoólicas e tornam-se adultos irresponsáveis perante a
elas e pensam que só irão se divertir se beberem e muito.
Além dos riscos do coma alcoólico e de
acidentes de trânsito provocados por ingestão de álcool, há outros riscos para
quem começa esta relação cedo demais; vejamos:
DisponÃvel em http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/files/2012/07/Bebida-infantil.jpg. ExtraÃdo em 04/03/2015. |
Para os adolescentes, os maiores risco
de beber regularmente é engravidar, ser contaminado por uma doença sexualmente
transmissÃvel (DST) e envolver-se em brigas; já para os adultos é, justamente,
viciar-se em álcool e em outras drogas e desenvolver transtornos mentais ou
depressão.
Pensando no Enem 2015, já que na prova de 2013 o exame já
abordou, em sua proposta de redação, a Lei Seca, é possÃvel que
aborde um outro aspecto relacionado ao álcool: o consumo por jovens. Neste
caso, é fundamental sugerir propostas de intervenção sólidas e possÃveis, como
por exemplo, a proibição de campanhas publicitárias, em qualquer mÃdia e de
qualquer tipo, de bebidas alcoólicas; maior fiscalização em bares,
restaurantes, boates e festas universitárias e, no caso dela, a proibição de
patrocÃnios de adegas e de marcas de bebidas, além de campanhas de
conscientização de jovens e de seus familiares sobre os riscos da ingestão de
álcool.
A quem interessar conhecer e escrever a
proposta de redação da UNICAMP do vestibular 2013 citada acima, esta pode ser
acessada neste link.
*CAMILA DALLA POZZA
PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo
funções relacionadas ao ensino de LÃngua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi
corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso,
também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos,
inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
Postado em: https://www.infoenem.com.br
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